TEATRO

Por Marrom Glacê

Realizada pelo Grupo Teatro Empório para celebrar seus 20 anos, a comédia dramática mostra os bastidores de uma companhia que, tentando montar Shakespeare, descobre que a realidade pode ser ainda mais intensa do que a própria ficção.

É notório que os palcos de teatros são sempre uma fonte de grandes emoções. Mas os bastidores também podem provocar sentimentos variados, inclusive para quem estará em cena. E é nas coxias de uma companhia de teatro que se prepara para montar “Hamlet” que se passa “É Tudo Mentira”, novo espetáculo do Grupo Teatro Empório, que estreou dia 5 de junho, no centro cultural Futuros – Arte e Tecnologia, no Flamengo. Trazendo à cena uma realidade que pode ser ainda mais intensa do que a própria ficção, a comédia dramática metalinguística dirigida por Larissa Siqueira e Leandro Bacellar acompanha Tito, um diretor obcecado por sua visão artística, e seu elenco caótico. Rivalidades, inseguranças e um patrocínio instável colocam a montagem em risco. O espetáculo celebra os 20 anos do Grupo Teatro Empório e tem consultoria de direção de Márcio Vito e dramaturgia de Leandro Bacellar.

Nascida do desejo de explorar o caos e a poesia dos bastidores do teatro, a peça teve como ponto de partida experiências reais, mas está longe do desejo de retratar apenas os encantos do palco. Embora o pano de fundo seja o teatro e suas idiossincrasias, a história poderia acontecer em qualquer outro ambiente humano onde existam tensões, disputas de ego, inseguranças e jogos de poder. Com um texto ágil e repleto de humor ácido, “É Tudo Mentira” questiona os limites entre a arte e a realidade, expondo as fragilidades e vaidades de quem vive pelo teatro. 

“Assim como ‘Hamlet’ usa o teatro para expor uma verdade oculta, jogamos com os limites entre a encenação e a vida dos atores, criando paralelos entre os conflitos ficcionais e os dramas reais que se desenrolam nos bastidores. O processo de criação dramatúrgica foi colaborativo, testamos cenas, exploramos improvisações e buscamos construir personagens que fossem simultaneamente cômicos e trágicos, humanos e teatrais. Além disso, estruturamos o espetáculo de forma a espelhar ‘Hamlet’ não apenas tematicamente, mas também na dinâmica dos personagens e na maneira como a ficção se infiltra na realidade”, adianta Leandro Bacellar. 

O resultado é um espetáculo que transita entre a metalinguagem e a comédia dramática, trazendo um olhar crítico, mas não menos apaixonado, sobre o universo teatral. “Dentro de um grupo de teatro surgem tensões que vão muito além da criação artística: há as crises financeiras, as disputas de ego, os cansaços invisíveis, os afetos mal resolvidos e, sobretudo, as estruturas de poder que muitas vezes se disfarçam de coletividade. Essa peça não pretende retratar ‘o teatro’ como um todo, nem oferecer uma visão generalista sobre grupos artísticos. Ao contrário, queremos mostrar um grupo específico, com suas particularidades, suas contradições e suas pequenas tragédias cotidianas”, reforça a diretora Larissa Siqueira.

Se o fazer teatral na prática já não é algo simples, desenvolver um texto metalinguístico permeado por questões que soem reais é tampouco. E entre todos os desafios da montagem, para Leandro, que ainda acumula o desafio de estar em cena, o maior deles foi encontrar o tom certo para equilibrar a leveza da comédia com a profundidade dos sentimentos envolvidos. “Usamos a ironia e o absurdo para mostrar como os relacionamentos dentro e fora do palco se confundem, trazendo situações que podem ser engraçadas, mas também extremamente dolorosas”, frisa o diretor.

E para quem se pergunta como é celebrar 20 anos de uma companhia teatral falando sobre os bastidores de uma, a resposta chega fácil. “A peça fala justamente sobre o que nos move: a paixão pelo teatro. E fala sobre a linha tênue entre realidade e ficção, sobre como as emoções de um ator no palco nunca estão completamente separadas das suas emoções na vida real. Fazer teatro é resistência. O Grupo Teatro Empório surgiu num momento em que os desafios eram outros, e fomos nos adaptando e nos moldando pra chegarmos até aqui. Olhar para trás e ver tudo o que construímos e os desafios superados nos dá uma sensação de orgulho e gratidão. São 20 anos dedicados ao teatro independente, acreditando na força da arte e no poder da cena”, conclui Leandro.  

“Com ‘É Tudo Mentira’, espetáculo inédito do grupo Teatro Empório, reafirmamos o papel do teatro do Futuros – Arte e Tecnologia como um espaço para releituras contemporâneas de textos clássicos, novas obras e talentos. Aos vinte anos de existência e arte, o Teatro Empório e o Futuros Arte e Tecnologia celebram suas trajetórias oferecendo ao público carioca esta peça que, tendo Hamlet como inspiração, homenageia a paixão pelo teatro que segue movendo os artistas e encantando o público”, destaca Victor D’Almeida, gerente de cultura do Oi Futuro.  

SERVIÇO:

“É TUDO MENTIRA”

Temporada: 05 a 29 de Junho de 2025 

Horário: Quinta-feira a domingo – 19h

Local: Teatro Futuros | Futuros – Arte e Tecnologia

Endereço: Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo – Rio de Janeiro

Lotação: 63 lugares, sendo 1 espaço para PCR, 1 assento para pessoa obesa e 1 assento reservado para acompanhante de PCD.

Ingressos: | R$ 30 (Meia-entrada) | R$ 39,00 (desconto GIRO CARD) |R$ 60 (Inteira) 

Classificação Indicativa: 14 anos

Duração: 80 minutos

Instagram: @grupoteatroemporio

Site: www.teatroemporio.com.br 

FICHA TÉCNICA: 

Dramaturgia: Leandro Bacellar

Direção: Larissa Siqueira e Leandro Bacellar 

Consultoria de Direção: Márcio Vito

Elenco: Charlotte Cochrane, João Vitor Novaes, João Nazaré, Leandro Bacellar, Luiz Fernando Lopes, Nívia Terra, Raisa Mousinho, Tiago Alves e Tita Pretti. 

Trilha Sonora: Rach Araújo

Direção de Produção: Leandro Bacellar

Produção Executiva: Ramon Alcântara 

Assistente de Produção: Amanda Madureira |Nívia Terra

Cenário e Figurinos: Leandro Bacellar e Ramon Alcântara

Iluminação: Lara Cunha 

Cenotécnico: Bahia

Costureira: Analu Aniceto

Operação de Luz: Giulia Sant’Anna 

Operação de Som: Ramon Alcântara

Conteúdo e Mídias Sociais: Leonardo Cabral

Fotos de Estúdio: Camilla Guimarães

Design Gráfico: Leandro Bacellar

Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Comunicação

Produção: Matamba Produções 

Realização: Grupo Teatro Empório e Matamba Produções 

Correalização: Futuros – Arte e Tecnologia

Gestor Futuros: Oi Futuro

Sobre o Futuros – Arte e Tecnologia

Inaugurado há 20 anos, o centro cultural Futuros – Arte e Tecnologia é um espaço de exibição, criação e inovação artística. Com uma programação gratuita voltada a todos os públicos, o espaço promove e recebe exposições, apresentações artísticas, espetáculos teatrais, entre outros eventos que convidam o público a refletir sobre temas que norteiam sua linha curatorial, como meio ambiente, ancestralidade, diversidade, educação e tecnologia. O Futuros abriga galerias de arte, um teatro multiuso e o Musehum – Museu das Comunicações e Humanidades, que mantém um acervo de mais de 130 mil peças históricas sobre as comunicações no Brasil e atividades interativas sobre o impacto das tecnologias nas relações humanas. 

O centro cultural foi fundado pela Oi e tem gestão do instituto Oi Futuro. Por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro – Lei do ISS, o projeto Vem, Futuro! Ano 2 é realizado pela Zucca Produções, em parceria com o Oi Futuro, no centro cultural, com patrocínio da Serede, Oi, Tahto e Prefeitura do Rio de Janeiro/SMC, oferecendo programação cultural, ações educativas e abrangendo infraestrutura de apoio nas galerias, no teatro e no Musehum.

Sobre o instituto Oi Futuro

Fundado em 2001, o instituto Oi Futuro desenvolve e cocria projetos de Cultura e Educação pelo Brasil, impulsionando a construção de futuros mais inclusivos e sustentáveis. Além da gestão de Futuros – Arte e Tecnologia, o instituto Oi Futuro também atua no fomento e desenvolvimento do ecossistema da Economia Criativa, promovendo ciclos de aceleração de iniciativas que têm a transformação social como propósito principal. Na área de educação, é responsável pelo NAVE (Núcleo Avançado em Educação), parceria público-privada com as Secretarias de Estado de Educação do Rio de Janeiro e Pernambuco, que há 19 anos promove formação profissional e tecnológica de qualidade como resposta aos desafios da atualidade.